Entrevista
15Mai
À Conversa com Fátima Cardoso
Fátima tem 24 anos e frequenta o mestrado em Gestão de Empresas. Depois de sofrer um distúrbio alimentar, decidiu mudar o seu estilo de vida e adotou hábitos saudáveis. Começou a praticar kickboxing e rapidamente apaixonou-se pelo “bichinho” do desporto. O Clube Fitness esteve à conversa com Fátima Cardoso.
À Conversa com Fátima Cardoso
Fala-nos um pouco de ti e como surgiu o bichinho do desporto na tua vida?
Olá, eu sou a Fátima, tenho 24 anos e sou estudante.
Estou neste momento a fazer mestrado em Gestão de Empresas apesar de ser licenciada em Biologia Molecular e Genética (longa história eheh). Posso considerar-me uma pessoa bastante focada nos estudos mas claro que não passo sem o cafézinho com os amigos ao fim de semana. Tenho um gosto enorme pela leitura, apesar de ultimamente não ter muito tempo para dedicar à literatura, e tenho um pequenino talento escondido relacionado com a música...gosto de cantar (e de acreditar que o faço minimamente bem).
O bichinho do desporto, infelizmente por um lado, não surgiu pelos melhores motivos, eu sofri de anorexia nervosa há uns anos e foi quando decidi começar a praticar kickboxing que dei a volta à situação. Quase que foi uma salvação. Desde aí nunca mais perdi o hábito, comecei a fazer ginásio e mais tarde surgiu a corrida
Sabemos que és apaixonada pela corrida. Quando e como nasceu a paixão por esta modalidade?
Tudo começou com um desafio. Na altura não era grande fã de corrida, confesso, mas em 2013 o meu irmão ofereceu-me um dorsal para uma prova de 10km... e eu pensei "porque não? É mais uma conquista a fazer". Eu tinha tão pouca noção do que era correr que estimei acabar a prova em 2 horas! Terminei em 62 minutos e quando coloquei um pé na meta fez-se o click de querer melhorar aquela marca, querer evoluir e treinar nesse sentido. A sensação é espetacular!
Já participaste em várias provas. Conta-nos um pouco sobre essas experiências e qual foi o teu maior desafio?
Todas as provas são bastantes importantes para mim, gosto de sentir que tenho a força necessária para terminar algo que começo, por mais adversidades que o percurso tenha. Claro que isso nem sempre é possível, por exemplo, em Novembro 2016, na corrida das PME, foi a primeira vez em três anos que tive de desistir a meio de uma prova e custou-me imenso admitir (a mim mesma) que não seria capaz de a terminar.
O maior desafio foi sem dúvida a minha primeira meia-maratona...e que excelente superação foi! Fiquei extremamente orgulhosa de a ter terminado, ao ponto mesmo de passar naquela meta com uma emoção tal que até as lágrimas quiseram correr.
Podes-nos explicar os cuidados que tens antes de uma prova? E como planeias os teus treinos?
Eu faço questão de não treinar no dia anterior a qualquer prova, ingerir mais hidratos, hidratar-me bastante e ter uma boa noite de sono (o que nem sempre acontece devido ao nervoso miudinho). Os meus treinos atualmente estão a ser planeados por um profissional especializado em atletismo mas assim no geral, tenho pelo menos 2 treinos de séries por semana, um treino longo e alguns treinos de recuperação mais leves.
Qual é o teu local preferido para correr?
Sem dúvida que é no Parque das Nações, com o nascer do sol tem um certo encanto... e a sério que até custa menos, a tranquilidade sente-se!
Que cuidados especiais procuras ter na tua alimentação?
No geral, eu evito fritos, bolos e TENTO ingerir poucos alimentos processados (a bolachinha aqui e ali acontece ahah). Não fujo do pão nem dos hidratos em geral mas é um facto que às vezes me tenho de obrigar a comer arroz e massa, por exemplo, porque adoro legumes e tenho um pai lindo que cultiva em duas hortas, portanto legumes frescos é o que não falta cá em casa.
Não consumo alimentos com lactose devida a intolerância alimentar, se bem que às vezes o meu lado guloso arrisca nos gelados (e depois sofro um bocadinho, sim). Outra característica da minha alimentação é o facto de não ingerir carnes vermelhas e isso deve-se apenas a uma prévia tentativa de me tornar vegetariana, tentativa essa que não foi levada até ao fim porque o peixe é algo que não consigo tirar da minha alimentação.
Tens alimentos proibidos? Quais?
Acho que não tenho alimentos proibidos, tento é comer certas coisas apenas de uma forma esporádica. Se houver dias especiais nos quais sei que não vou limitar a minha alimentação, não há nenhum alimento que seja propriamente proibido.
Tens algum vício - como chocolate, refrigerantes, massas - que não consegues resistir?
Sim...cereais de pequeno almoço. Sejam eles quais forem. Por isso é que normalmente não existem na dispensa cá de casa.
Tens alguma dica para quem utiliza marmitas regularmente no dia a dia?
Para rentabilizar tempo e energia, cozo tudo (ovos, peixe, legumes) na mesma panela. Ah e cenouras cruas, são uma excelente opção para ir picando ao longo do dia.
Além do desporto e da alimentação, também és muito focada nos estudos. Como fazes para conciliar os estudos com os treinos?
Às vezes não é fácil, confesso. Em fase de apresentações, entrega de relatórios ou na fase de exames, acontece tudo ao mesmo tempo e eu não paro desde as 7h da manhã até às 22h...o cansaço surge de forma inevitável.
Normalmente, e como não sinto dificuldade em levantar-me de manhã, vou logo abrir o ginásio e treino desde as 7h até às 8:20 sensivelmente (às 9h30 estou nas aulas). Dessa forma eu ganho logo uma outra energia e posso dedicar o resto do meu dia à faculdade.
Qual é o teu segredo para manteres o foco nos teus objetivos?
Eu sempre valorizei muito a noção de evolução, em qualquer aspeto da minha vida e penso que é essa vontade de querer sempre subir mais um degrau que faz com que eu não desista dos meus objetivos.
Que dicas darias a uma mulher que pretenda conseguir um corpo fit?
A primeira dica que eu daria e que eu considero ser a mais importante é nunca, mas nunca, deixar que isso comande a vida porque um corpo fit numa mente menos equilibrada não resulta de todo numa alma feliz. Depois aconselharia procurar um bom profissional que a pudesse orientar nos treinos para o seu caso em especifico, assim como procurar alguém que pudesse educá-la um pouco no que diz respeito à alimentação mais indicada para que pudesse atingir os seus objetivos. A partir daí seria apenas uma questão de consistência e paciência nos resultados, sempre com a noção de que o percurso não é de todo linear, os altos acontecem mas os baixos também e tal não deve ser motivo de desânimo.