Entrevista 24Out

À Conversa com Paulina Tavares // Panda Loves Veggies


Tem 29 anos, vive em Lisboa mas nasceu na Polónia. É desde os 15 anos ovo-lacto vegetariana, o mais comum tipo de vegetarianismo que exclui o consumo de carne e peixe, mas aceita o uso de lacticínios e ovos. Em 2015, decidiu criar o blogue “Panda Loves Veggies”, um blogue de receitas vegetarianas. O Clube Fitness esteve à conversa com Paulina Pandyra Tavares do blogue Panda Loves Veggies.
 
Desde muito nova que Paulina nunca gostou de carne. Apesar disso, sempre teve uma alimentação saudável e baseada em produtos frescos e sazonais. Considera o seu estilo de vida notável na área da saúde e bem-estar. No blogue podes encontrar receitas e dicas vegetarianas.


À Conversa com Panda Loves Veggies


Comecemos pelo princípio… Quem é a “Panda Loves Veggies”? As únicas informações disponíveis no blogue, Facebook e Instagram são: “blog com receitas vegetarianas” e “Paulina Pandyra Tavares ovo-lacto vegetarian”. O que podemos saber sobre a Paulina? Fala-nos de ti e conta-nos a tua história!              
Imaginem uma rapariga tímida com mente aberta, estudante de faculdade com a vida bem organizada. De repente, tudo vira de pernas para o ar quando conhece um rapaz português e apaixona-se loucamente por ele. Muda-se de malas e bagagens do país dela para Portugal. Mergulha numa cultura diferente, troca a profissão para outra, aprende uma nova língua, muda das montanhas para o oceano. Neste processo difícil de adaptação a comida é um escape, um passatempo, uma distração. Bem, esta rapariga tímida sou eu!
 
O blogue tem versão portuguesa, inglesa e polaca… É curioso! Porquê estas três línguas? Qual a tua relação com Portugal e a Polónia? 
A escolha das línguas está relacionada com a minha história. Sou polaca, nasci na Polónia e vivi lá a maior parte da minha vida. A língua polaca é a mais familiar para mim e é mais fácil e natural usá-la para me expressar. Há 5 anos atrás mudei-me para Portugal e achei bem aprender a língua do país que escolhi para ser a minha segunda casa. Para mim, escrever em português tornou-se muito importante. Além de chegar aos lusófonos, desenvolvo também o meu nível de português. É uma aprendizagem constante. Decidi também criar a versão inglesa do meu blog por ser uma língua internacional. É sempre bom poder partilhar as receitas com pessoas dos outros países.
 
Como era a tua alimentação na infância e adolescência? 
Quando era criança nunca gostei de carne, mas consumia-a. Lembro-me de ser bastante esquisita com este alimento. Já nesta altura tentava evitá-lo ao máximo, comia só peixe e alguns tipos de carne (por exemplo frango). Felizmente os meus pais aceitavam as minhas escolhas e não me forçavam a comer o que não gostava. A minha mãe, apesar de não ser vegetariana, era muito criativa e inventava pratos vegetarianos com cuidado para não me faltar nada. Fazia sopas, massas com vegetais, dava-me fruta etc. A minha alimentação sempre foi saudável e baseada em produtos frescos e sazonais. Como cada criança, gostava de doces e claro, também os comia de vez em quando.



Sempre foste vegetariana ou quando te tornaste vegetariana? E o que é ser ovo-lacto vegetariana? 
Aos 15 anos decidi eliminar definitivamente a carne da minha dieta mas ainda consumia peixe de vez em quando. Depois, tornei-me ovo-lacto vegetariana. É o mais comum tipo de vegetarianismo que exclui o consumo de carne e peixe, mas aceita o uso de lacticínios e ovos. Acho também que o vegetarianismo é uma fase que, mais cedo ou mais tarde, leva ao veganismo. Eliminar todos os produtos de origem animal é o meu objetivo.
 
Quais são para ti os benefícios de ser ovo-lacto vegetariana?
Há imensos benefícios em tornar-se vegetariano mas é importante sublinhar que esta dieta tem que ser bem planeada. Além de eliminar a carne, é preciso fazer escolhas saudáveis, ter cuidado em proporcionar ao organismo todos os minerais, microelementos e vitaminas. Os benefícios mais notáveis são na área de saúde e bem-estar. Desde que me tornei vegetariana sinto-me muito mais leve, cheia de energia, reparo que a minha pele está em melhor condição e raramente fico doente. Além disso, tenho maior consciência alimentar, faço pesquisas e tento perceber o que o meu corpo precisa. Há também um fator ético. Uma vida com paz, sem crueldade e sofrimento de animais, sem energia negativa ligada inevitavelmente à produção da carne.
 
Pelo teu blogue, fica bem claro que gostas de preparar as tuas refeições… O que mais gostas de preparar? Alguma receita em especial? 
É difícil escolher só uma receita. A verdade é que gosto de cozinhar vários pratos, tudo depende do meu humor e da estação do ano. Na primavera e no verão tenho mais tendência de usar fruta fresca, fazer gelados, saladas e batidos. No outono e no inverno procuro sabores mais aconchegantes nos pratos quentes. Os doces não ficam para trás! Fico realmente feliz quando consigo criar uma versão mais saudável de uma guloseima. Um bom exemplo é o delicioso bolo de chocolate sem farinha, feito de millet ou de feijão preto que podem encontrar no blogue.
 
Qual é o teu pequeno-almoço preferido? 
Já que o pequeno-almoço é a refeição mais importante do dia, gosto do meu bem nutritivo e energético. Adoro papas de aveia com iogurte natural ou com batido, acompanhados sempre de várias sementes e superalimentos (chia, sésamo, girassol, linhaça, bagas goji etc.), fruta fresca e mel. Quando tenho mais tempo gosto de preparar panquecas saudáveis, por exemplo de banana e aveia.


 
Tens alimentos proibidos? Porquê? 
Além de carne em si, não como gelatina (feita a partir de ossos e pele animal) nem banha (gordura de porco). Não como alimentos altamente processados, evito açúcar, não gosto de comida rápida porque acredito que cuido do meu corpo por dentro, afinal ‘somos o que comemos’. Faço boas escolhas diariamente mas se às vezes apetece-me um doce ou uma pizza, como-os sem culpa! Não é bom ser radical, tem que haver um equilíbrio.
 
Para além dos cuidados com a alimentação, praticas desporto? Que modalidade(s)? 
O meu desporto favorito é a patinagem no gelo, que pratico mais quando estou na Polónia por razões óbvias. Faço também ioga e natação.
 
Quando decidiste criar o blogue “Panda Loves Veggies”? E porquê? 
O meu blogue nasceu no ano passado e é fruto de motivação de pessoas que me rodeiam. Quando mudei para Portugal, comecei a cozinhar para mim a sério. Sem acesso aos produtos polacos familiares e sem a minha família por perto para me apoiar, comecei a inventar. Na altura, encontrei um grupo no Facebook onde as pessoas partilhavam as suas receitas. Publicava lá os meus pratos e um dos membros sugeriu que eu criasse um blog com as minhas ideias. Pensei ‘porque não?’ e encorajada pelo meu marido, lancei-me à aventura! Além de partilhar as receitas, decidi criar o blog também para me divertir, dar o meu parecer como uma estrangeira em Portugal, distrair-me fazendo o que mais gosto. Cozinhar e comer!
 
A escolha do nome foi difícil? Porquê o nome “Panda Loves Veggies”?
O nome ‘Panda’ vem do meu sobrenome polaco e foi inventado pelo meu irmão na nossa infância, simplesmente para me irritar. Ficava furiosa quando me chamava isso mas com o passar do tempo, até achei graça e ficou assim. Agora tanto a família polaca, como a portuguesa mais os amigos me chamam ‘Panda’ ou ‘Pandinha’. E a parte ’loves veggies’ mostra toda a essência da minha ideia. Simplesmente adoro vegetais!
 
Onde encontras inspiração para criares as tuas receitas? 
Em primeiro lugar, inspiro-me nos pratos da minha infância, tento recriá-los, melhorar, fazê-los mais saudáveis. Gosto também de criar versões vegetarianas de pratos que normalmente levam carne. Sem dúvida encontro inspiração também fazendo pesquisas sobre as novidades na área de alimentação, nas revistas, nos livros e na Internet. Gosto de observar as tendências e fazer as minhas interpretações.
 
O que poderias dizer a alguém para a convencer a preparar diariamente as suas refeições e optar por comida saudável? 
Diria que vale a pena experimentar! Como já mencionei antes, os benefícios para a saúde e o bem-estar falam por si. Mais força e energia, melhor condição do corpo em geral, uma certa leveza física e mental e boa disposição são só algumas vantagens de mudar os hábitos alimentares. Já agora, é um mito que a comida saudável é cara, aborrecida e sem sabor. Antes pelo contrário! É cheia de cores, sabores, cheiros e pode ser bastante económica. Por norma os pratos são fáceis e rápidos de preparar. A oferta no mercado é variada e não é difícil encontrar os produtos para uma dieta saudável.



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